Admito. Como mo apontaria o Kevin Smith, sou um tracer… Imensamente mais que colorir e quase tanto quanto desenhar, é arte-finalizar (leia-se, passar um desenho a tinta) o que me dá gozo. É difícil explicar – como com todas as coisas que fazemos instintivamente – mas no meio de todos os ganchos e cross-hatchings perco-me completamente no que estou a fazer, e em casos extremos chego a dar por mim a riscar obsessivamente, preso numa voragem gráfica.
Tanto que, num trabalho, o que mais custa é suster a fase do ink o suficiente para dar espaço ao desenho para se esclarecer. Se conseguir contrariar os meus ímpetos, o resultado por norma sai porreiro; caso contrário vou acabar por “desenhar” com a tinta-da-china, o que pode dar para o torto… (embora poupe tempo)
Ora o meu caro amigo e colega João Mendonça prima exactamente pelo oposto. A meu ver, um dos mais dotados artistas cá do burgo e “o melhor guardado segredo” da BD nacional, o João opera por manchas de cor, que esgrima com uma proficiência e prolificidade que me espantam. De tão diferentes que são as nossas abordagens ao desenho, acabam por se complementar, e aos poucos temos vindo a explorar formas de fundir as nossas aptidões.
Como continuo sem descortinar onde guardei as primeiras experiências de arte-final a desenhos do João, fica aqui uma brincadeira recente…
DM
1 comentário:
Essa espécie de cadáver insepulto representada pelo Tio Hércules, devia ter - em toda a sua genealogia - um tratamento similar àquele que deu à nossa ancestral antepassada de Lerna. Nem é tanto pela calúnia sobre o hálito da pobre Hidra que estou revoltado, é mais pelos requintes de covardia e malvadez que aplicaram na cauterização dos pescoços fecundos do majestoso ser (supostamente)mitológico. O seu acólito e sobrinho Jolau ganhou como prémio uma ex-mulher do tio: será que valeu a pena o combate? Desculpem lá mas perdi a cabeça e tive de reagir!
Enviar um comentário